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TROVÃO NA TARDE

                                                               (José Fortuna- Paraíso)

Trovão na tarde de uma nuvem se abrindo é a voz do céu saindo, do peito largo do espaço
As cordas d’água despencando-se na serra é o que faz o céu e a terra, se encontrarem num abraço
Trovão na tarde, quebrando a monotonia, é o calor do fim do dia, de um mormaço de verão
Só eu não ouço o teu eco repetindo, da nuvem negra cobrindo, o céu de meu coração.

Quisera ter a voz forte como a tua, para poder ser ouvido por quem amo
Em qualquer parte que do mundo se encontre, ela ouviria minha voz quando lhe chamo

Trovão na tarde, meus ouvidos te escutam e com os dela se juntam, no teu ruído distante
Em frente a nuvem, lá pras bandas que o sol desce, os coriscos se parecem, claros fios de diamante
É a voz de Deus, contra o mundo revoltado, ao deixar despedaçado, um pau seco na colina
E após o raio, pra limpar o céu bonito, cai soltinha do infinito, silenciosa chuva fina.