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TRILHO COMPRIDO
(composta em 10/11/1982)

                                                               (José Fortuna – Paraíso)

Trilho comprido fazendo curva no pasto
Afundou de tantos rastros
Do gado passando em fila
Até parece procissão toda de branco
Cruzando serra e barranco
Na tarde calma e tranqüila
Fila de gado, descendo rumo ao curral
Onde vem lamber o sal
No cocho de canelão
Também eu chego dos campos de minhas tardes
Pra lamber sal de saudade
No cocho da solidão

Trilho comprido
Cruza meu peito deserto
Por capim quase coberto
Num chão de terra batida
Igual o gado
Lentamente caminhando
Na espera do “não sei quando”
Sinto passar minha vida

Trilho comprido, tão longo mas não alcança
Minha estrela de esperança
Que já está perdendo o brilho
Porque não posso, pisar de novo meus passos
São sobras de meu cansaço
Que eu deixei sobre meus trilhos
Também eu faço, parte daquela boiada
Pelos trilhos da invernada
E ninguém ouve meu choro
Porque o destino, o boiadeiro da morte
Vem atrás com seu chicote
Me levando ao matadouro