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SEPULCRO DE CABOCLO (LETREIRO)
toada histórica   
(dialeto caipira)                                                  (Letra e música de José Fortuna)

Vanceis não vê que eu soluço quando eu óio lá pra serra?
É que eu não sou desta terra. Sou nascido no sertão.
Ói, seu moço, quando alembro, parece que até tô vendo
O vento que vai batendo rastando as foia no chão.

Lá eu nasci e me criei mas um dia inda mocinho
Na vida encontrei um espinho que veio me machucá
Era uma cabocla bonita, que morava na picada
Os zóio dessa marvada, pra mim só trouxe pená

Um dia, num sei proquê, ela falô: - ói, mocinho
Vô sê sua companheira. Fiz tudo e quando eu pensava
Que a ela pertencia, sorrindo ela disse um dia
- Menino, foi brincadeira...

Eu que só pensava nisso, só com ela no sentido
e agora, tudo perdido, aquela que tanto amei.
Chorei, seu moço, não minto, com mágoa no coração
Abandonei o sertão e nunca mais lá vortei.

Mas um dia que eu morrê, pra vancêis deixo falado
Que eu quero sê sepurtado, no tronco desse anjiqueiro
E ali me deixem sozinho, neste recanto esquisito
Só peço, deixem escrito, este saudoso letreiro:

Aqui repousa um caboclo que morreu com grande dô
ferido pruma saudade que uma cabocla deixô

Lá pras banda do sertão que o seu sonho terminô
lá ficou aquela ingrata que esse caboclo matô

Por este mundo enganoso este caboclo sofreu
depois de muitas saudades, pensando nela morreu