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SAI PRA LÁ, MUIÉ

xote

(José Fortuna - grav. Zé Fortuna e Pitangueira)

Todos os noivinhos antes de casá
é meu amor de cá, é meu amor de lá
Depois que se casam começa o tropé
- Sai pra lá, marido!
- Sai pra lá, muié!

Quando namoram ele diz : meu amorzinho
eu sou pobre e não sei como vou poder te sustentar.
Ela responde: Os teus beijos me alimentam,
Os teus braços me esquentam, nem precisa agasalhar.
Quando se casam ela grita: Oh, vagabundo,
tô passando tanto frio que já tô ficando azul.
Eu tava bem na casa da minha mãe
e agora eu não sou porca pra viver comendo angu.

Quando namoram passeando no jardim
tão juntinho, agarradinhos, mais parece um corpo só.
Bem carinhoso ele diz: eu não sei como
vou poder viver distante de você, meu pão-de-ló.
Quando se casam ele anda lá na frente
e a muié cheia de filhos vem um quarteirão atrás
ainda ele grita: Anda logo, moleirona
é a preguiça que te mata ou já tá acabando o gás.

Quando namoram no escuro lá da esquina
ela diz: Por que será que a lua se escondeu?
Ele responde: É que a lua envergonhada
se escondeu enciumada do fulgor dos olhos teus.
Quando se casam ela diz: Por que será
que a lua atrás das nuvens, foi de novo se esconder?
Ele responde: Sua burra, não tá vendo
que o tempo tá mudando, não demora prá chover?