QUANDO TUDO VIRAR SAUDADE
(composta em 07/11/1980)
(José Fortuna)
Quando tudo virar saudade
E o presente virar passado
Quando este calor de afeto
No meu peito tiver gelado
Quando a estrela que hoje brilha
No horizonte da mocidade
Amanhã seu fulgor apague
Ao chegar o terror da idade
Lembrarás arrependida
Porque foi negar agora
O calor de teus carinhos
Para mim que amor implora
Quando a neve de muitos anos
Branquear seus cabelos lindos
A sua boca que pede beijos
Amanhã não estiver sorrindo
Quando as garras fatais do tempo
Com requintes de crueldade
No seu rosto deixarem marcas
E sinais da fatalidade
Quando o sol deste nosso tempo
Entre as nuvens dos desenganos
Apagar seu clarão de vida
No roteiro fatal dos anos
Quando tudo virar saudade
De um viver que não foi vivido
É impossível viver de novo
Todo o tempo que foi perdido