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PANHA DE ALGODÃO
(composta em 24/05/1981)

 

                                                               (José Fortuna)

De morro a morro os meus olhos viam
Qual um lençol por sobre o espigão
Lindos desenhos se modificando
Em duas cores, branco e marrom
Entre as pessoas sobre o campo estava
No mês de abril, na panha de algodão
Maria Rosa, minha namorada
A linda flor daquele mutirão
 - O Balanceiro eu era então
-  No mês de abril, na panha de algodão

Ficamos noivos no fim da colheita
Dali um ano foi nossa união
No outro abril ela casou comigo
Com seu vestido branco de algodão
Ela se fez o algodoal da vida
Branco de paz, veio cobrir meu chão
De nosso amor veio o primeiro filho
Fruto do campo de seu coração
- Veio a Ritinha, Maria e João
- Todos colhidos de nossa paixão

Hoje enfrentando o mutirão dos anos
Os meus cabelos mais branquinhos estão
Muitas colheitas se fizeram plumas
Na cordilheira da recordação
Maria Rosa hoje da janela
Vê nossos filhos que cantando vão
De ano em ano com o passar dos anos
Para mais uma panha de algodão
- O Balanceiro deste verão
- Hoje é que pesa nossa solidão