Imprimir    << voltar

 

MORTO POR DENTRO
toada                                                    (José Fortuna/Paraíso/Barrerito - grav. Barrerito)

Este meu corpo que vocês vêem perambulando
é minha sombra que hoje vale menos que nada
vivo por fora, morto por dentro sou um retalho
que após usado jogaram fora junto a uma estrada
aquela ingrata usou meu corpo o quanto pode
o meu dinheiro, minha saúde e a mocidade
quando o cansaço gelou-me a vida,   abandonou-me
sem perguntar se eu viveria só de saudade.

Morto por dentro, vivo por fora, uma fumaça eu sou agora,
pois quem me vê hoje ignora, o homem forte que eu fui outrora.

Trabalhei tanto para o sustento desse seu luxo, 
fui me cansando e ela jovem sempre mais bela
não pude mais acompanhá-la em seus passeios
e fiquei sendo um grande estorvo na vida dela, 
não me apedrejem se me encontrarem pelas sarjetas
nem me ofereçam uma cachaça num bar imundo
por causa dela que destruiu tudo que eu tinha
eu sou agora um grão de areia menor do mundo.

Morto por dentro, vivo por fora, uma fumaça  eu sou agora, 
pois quem me vê hoje ignora,  o homem forte que eu fui outrora.