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CURVA TRISTE


toada

(José Fortuna - grav. “Os Maracanãs”)

PARTE DECLAMADA:

Lá por trás daquele morro nada mais pra mim existe
só tem uma curva triste que as vezes me faz recordar
daquele tempo passado, daquelas tardes serenas
dos olhos de uma morena, do canto de um sabiá.

Faz bem tempo, ainda me lembro, quando na curva passava
a cabocla que eu amava sempre vinha me esperar
de longe quando me via aquela flor sem espinho,
vinha como um passarinho neste peito encostar.

Deitado nos braços dela na sombra daquela estrada
A gente ouvia a passarada cantando pra escurecer
mas uma tarde foi triste quando na curva cheguei
a cabocla não encontrei, nem seu rosto pude ver.

Chamei, chamei, ninguém veio, chorando fui para frente
pisando na areia quente, lá na estrada do sertão
até que eu vi bem distante um rancho velho, fechado
e um lampião quase apagado iluminando um caixão.

Bati na porta e entrei, foi tão grande a minha dor
quando alguém lá me falou: “Vê? a cabocla morreu”.
Conheci, era a cabocla, já morta em cima da mesa
com quatro velas acesas só pude dizer adeus.

PARTE CANTADA:

Curva triste, eu não me esqueço, das tardes que já passou
onde nasceu e morreu aquele meu primeiro amor
a cabocla que eu amava já morreu e se acabou
foi-se embora para sempre, só a saudade ficou.

Curva triste, abandonada, onde um dia já gozei
onde nós dois se encontrava, hoje tudo se desfez
depois que ela foi embora, nunca mais por lá passei
curva triste é uma lembrança da cabocla que eu amei.