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CANGA DO TEMPO (CANGA DE GUARANTÃ)

querumana

(José Fortuna/Paraíso - grav. Lourenço e Lourival)

Numa canga de madeira os bois carregam a carga no velho carro em seu vai e vem
com a canga do meu destino eu carrego a vida e a vida carrega as dores que o mundo tem
as dores vem dos meus sonhos despedaçados estradas esburacadas que em mim ficou
por onde puxei meu carro de amor desfeito até que a canga do tempo me calejou.


Todos temos nossa canga mas nós não vemos, puxando a pesada carga da solidão
até que o carro da vida um dia pára no lamaçal sem saída do coração.


Canga de madeira forte foi desgastando pelas estradas batidas desses sertões
a canga do meu destino é bem mais dura porque foi feita por muitas ingratidões
sobra de amores ficaram pelos barrancos, recordações se perderam nos areiões
ficou o pó da saudade no cabeçalho, e o choro das minhas mágoas nos seus cocões

Todos temos nossa canga mas nos não vemos, puxando a pesada carga da solidão
até que o carro da vida um dia pára, no lamaçal sem saída do coração.