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CACHORRO BOIADEIRO
(composta em  29/12/1981)

(José Fortuna)

Desde mocinho que eu deixei meus pais
Fui pelo mundo pra ser boiadeiro
Seguiu meus passos pela estrada a fora
Só meu cachorro, fiel companheiro
E pelos ermos dos sertões bravios
Quando algum boi ficava de ribada
O meu cachorro entrava na mata
Logo trazia ele pra manada

O meu cachorro
Entre os peões da estrada
Foi o que nunca
Enjeitou parada

Meu cão seguindo na estrada da vida
Sua boiada de muitos janeiros
Como é mais curta a vida do animal
O meu cahorro envelheceu primeiro
Não conseguia mais me acompanhar
E assim num triste dia de pousada
Perdi o meu cachorro boiadeiro
Meu velho amigo de longas jornadas

Sobre seu corpo
Onde está enterrado
Hoje ele ouve
Caminhar o gado

Quando morreu parece que eu ouvia
A sua voz dizendo-me: obrigado
Por longos anos de feliz viagem
Pela atenção de muito amor lhe dado
Também deixei de viajar porque
Sempre ao ouvir a voz de um berranteiro
Pelos confins da imensidão dos campos
Eu via o meu cachorro boiadeiro

Hoje no pouso
De meu triste fim
Passam boiadas
De dor sobre mim